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A importância dos decotes - (Crônica) - José Fonseca

27/01/2023 00:00




­A importância dos decotes na sociedade contemporânea
José Fonseca Filho **
As mulheres são o resultado da elaboração de um produto mais apreciado e perfeito do que os homens. Esta é uma realidade que nem o bom Deus ousa contestar. Ele foi o autor do projeto e dele nunca se arrependeu. Nem quando a mulher começou a fazer travessuras no paraíso.
Até hoje as mulheres sofrem perseguições e violências, embora estejam numa ampla fase de crescimento e superação. A humanidade comemora. As mulheres avançam de maneira espetacular, destacando-se no trabalho, na maternidade, nos esportes, ciências, artes, finanças, absolutamente tudo que se possa imaginar. Sem abandonar a cozinha.
Existe um detalhe extraordinário que há tempos as mulheres assimilaram e o desenvolvem com beleza e classe. Os homens não mandam mais nelas em nada. Estamos no tempo das mulheres soberanas, valentes e de grande capacidade de iniciativa. Psicólogos (as), sexólogos (as), modistas, religiosos (as), feministas, naturistas, muitas categorias se dedicam a pesquisar a moda recente e promissora dos liberais decotes das
mulheres brasileiras.
Nossas belas mulheres há pouco lançaram a moda de blusas e vestidos com amplos e tentadores decotes, com os quais vão a qualquer lugar. Até para rezar na sacristia ou ficar no frio sem senti-lo. Apenas um detalhe tem sido respeitado até hoje, e assim deverá continuar por ser tido pelas mulheres como uma questão de honra. A nova moda trata-se de um fenômeno mundial, proporcionando a expansão visual, de beleza insuperável.
Detalhe mais recatado, o formato dos seios pode ficar aparente, mantida a estética por qualquer ângulo, desde que os mamilos, estes sim, sejam preservados. Eles não podem nunca ficar à vista, por maior que seja o decote. Vestidos, blusas, tailleurs, todos modelos revolucionários. Os decotes surgem lindos e cada vez
mais ousados em suas dimensões, de alta correção estética. Surpreende pela criatividade e o respeito à proibição imposta em relação aos mamilos, acatada pela unanimidade feminina.
Esticam, por exemplo, a abertura da parte de cima da blusa ou vestido até o limite possível, contornando o pescoço sem deixar que apareça sequer o princípio das bordas dos mamilos, ou a diferença da cor da sua pele, mais escurecida. A blusa dá uma volta pelo pescoço deixando razoável espaço em aberto, por onde
uma das maravilhas do corpo feminino pode ser apreciada. Respeitosamente.
Segue seu roteiro bem aberto. Os dois lados da blusa se conectam nas costas, sempre respeitando o detalhe. Assim permitem uma rápida visão do paraíso carnal. Respeitada a seriedade e o respeito com os mamilos. Enquanto isso o histórico soutien, de tantos serviços prestados à humanidade, vai perdendo a importância e a
frequência na utilização. Um bastião da feminilidade, hoje nem tanto necessário.
Antes passavam um tecido transparente na pequena área entre os seios, já bastante para despertar a curiosidade de qualquer pessoa de bom gosto, mas com uma visão difusa. Hoje inexiste esse temor. A visão ficou mais ampla sem nenhuma cobertura. Fica a beleza da pele. Uma área estreita mas plenamente apreciável, à flor da pele e preservando a incolumidade dos mamilos. Uma espécie de avenida entre os dois seios. O encanto protegido no pequeno espaço.
Os cortes das blusas e vestidos impressionam pela criatividade.  Algumas deixam apenas as taças do soutien - no original francês - à frente, soberanas, e o laço amarrado firme, nas costas ou no pescoço. É uma arte sendo desenvolvida pelas modistas. Há que adequar o tamanho das blusas ao volume do conteúdo físico.
A nova moda foi acompanhada pela quase total exclusão do soutien como componente diário do vestuário feminino, nos modos tradicionais. Tal particularidade impõe um movimento novo ao elegante caminhar das mulheres: o insinuante balançar dos seios em movimentos poéticos, suaves, protegidos da curiosidade alheia pelas blusas e vestidos.
Há décadas houve outra saudável revolução histórica na indumentária feminina, quando as saias subiram além dos joelhos. A famosa mini saia provocou uma crise social e familiar sobre quanto de centímetros as saias poderiam ser reduzias. Até a Igreja opinou contra o que chamava de absurdo. Reduziremos quanto quisermos, respondiam as feministas. As pernas são delas, e elas que compram suas roupas.
O setor têxtil resolveu investir em roupas de praia, dando seguimento a concepções mais modernas e menores. O maiô inteiro sumiu. Os biquínis, antes acanhados duas-peças, ganharam mais valor em menor espaço no corpo feminino. Na verdade havia pouco a reduzir, mas os modistas conseguiram. Abaixo da cintura, a largura da peça inferior não passa de alguns centímetros.
As mulheres são dignas e sérias, promovendo avanços com galhardia. Nas praias a diretriz principal permanece absolutamente respeitada. Os soutiens são bondosos na exibição dos seios. Quase toda sua circunferência aparece. E podem ser reduzidos ou ampliados a um simples toque dos dedos.
Assim a evolução se processa e é respeitada a incolumidade dos mamilos. Em seu esplendor eles só são exibidos aos bem-amados. Ou na amamentação.
** José Fonseca Filho é jornalista
Pintura - Marco Paludet


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