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Amor e sexo com alegria - (Crônica} -José Fonseca Filho

21/11/2023 00:00




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Amor e sexo com alegria

de José Fonseca Filho **

Maria Zinha era uma mulher alegre, bonita, bem feita de corpo e de alma, trabalhadora e, além de todas essas qualidades, sempre bem disposta. Aceitava a vida como ela era, como lhe aparece, e não como supostamente deveria ser. De sua parte, nenhuma reivindicação.
Tinha cabelos morenos claros e curtos, ao contrário da moda atual, em que a cabeleira das mulheres chega à cintura. Não há como embelezar tamanha massa capilar. Vira uma montanha de cabelos lisos e caídos.
O que mais nela se destacava não era a beleza contagiante, mas a alegria com que encarava a vida e os fatos dela decorrentes. Uma mulher acima de tudo amável, e disso não fazia segredo. Maria Zinha amava e não esperava para ser amada. Sua atitude era unilateral. E o amor a fazia mais e melhor do que qualquer parceira, amante ou companheira dos homens acostumados com uma vida amorosa sem emoções.
Maria sempre foi uma mulher sensual, mas disso também não fazia promoção: era simplesmente uma característica de sua natureza física. E igualmente uma mulher alegre, sorridente, admiradora das circunstâncias de bom humor da vida, da convivência humana. Em todos os aspectos. Ninguém deixava de gostar de Maria Zinha.
Adolescente já se destacava pelo bom humor expresso em todas as situações da vida, mesmo as consideradas insólitas. Começou a namorar e a assustar seus parceiros pelo costume de comemorar as aventuras amorosas com alegria. Era do tipo fogosa. Após um beijo sempre uma grande sorriso de comemoração, ou uma bela risada, seguida de um abraço apertado.
Maria Zinha sabia muito bem em que etapa da vida estava ingressando. O amor, mas não apenas ele. Vinha a sensualidade, as mãos ativas dos eventuais parceiros, de muitas aventuras nos limites do corpo. O prazer sexual provocava-lhe tanta o desejo quanto a alegria da jovem promissora. Era uma efusão de carinhos, sorrisos, lábios, mãos ativas: tudo provocava sensações estimulantes em Maria.
Madura, esclarecida, Maria Zinha tornou-se uma mulher admirável pela paixão com que se entregava ao amor. E, igualmente, pelo prazer e a alegria que tais momentos lhe proporcionavam. Logo no início da sessão de troca de carícias ela já não conseguia conter o riso, a alegria e a sensualidade.
Adiante, a alegria da vida e do amor, das caríciais manuais e por vezes algumas incursões orais, provocava igualmente sensações de prazer em Zinha. Às quais respondia com sorrisos, risadas e manipulações.
Esta era, tudo indicava, uma mulher feliz. Mais do que o normal. E retirava sua alegria dos mais simples hábitos amorosos entre um homem e uma mulher. Só que ela era diferente. Maria Zinha acrescentava o bom humor, a graça e o sorriso às situações de envolvimento amoroso físico. Algumas vezes, uma boa risada ou até uma gargalhada antecedia o orgasmo. Ôba!, deixava escapar o comentário.
Possivelmente, ela se imaginava consigo mesma, consciente da franqueza de seus atos. Maria Zinha ainda não encontrara um parceiro compreensivo e receptivo à sua maneira de amar. Mas se o amor e o sexo me dão prazer e alegria posso rir e gargalhar nessas ocasiões comemorativas da natureza, dizia.
Eu sou assim e como tal continuarei a ser, murmurava para si própria. A falta de bom humor, de graça nos diversos acontecimentos e fatos do cotidiano a incomodava e ela preferia viver com naturalidade. Jamais sacrificando sua alegria.
Já mulher madura, esbelta, bonita, sempre com os cabelos curtos, o corpo e a disposição de curtir a vida, Maria Zinha era uma mulher feliz e desejada pelos homens. Os poucos que já a conheciam na intimidade horizontal se encantavam. Mas achavam estranho o hábito de ela rir e quase gargalhar de alegria no desempenho do ato amoroso.
- Qual o problema, argumentava ela aos parceiros. Quando uma pessoa tem emoções agradáveis não costuma sorrir? E pode ter algo melhor do que o esporte que estamos praticando? Não se trata de um ato de felicidade, a ser celebrado? , argumenta diante dos parceiros, impressionados com a franqueza de Maria.
Maria Zinha parece ter razão. Mas os homens temem mulheres decididas e poderosas nas atrações do amor e do sexo. Especialmente nos casos específicos em que temem um comprometedor mau desempenho, provocado pela extroversão e potência da mulher. E ainda mais tendo de suportar o riso alegre de Maria Zinha, que não deixa de ser algo intimidativo.
Há momentos significativos no relacionamento sexual que são fundamentais, e como tais não deixam de despertar mais ainda as reações de uma mulher extrovertida como Maria Zinha.
No momento máximo do relacionamento sexual é quando Zinha mais se emociona e se realiza. Isso aconteceu com seu mais recente parceiro, que ficou inteiramente apático, sem ação e sem saber o que fazer diante do imponderável.
Foi quando Maria Zinha mostrou sua alegria intensa e deu gargalhadas durante o processo de penetração. Estava alegre, exultante, fantasticamente feliz. Uau!, chegou a exclamar. Curtiu docemente o felicíssimo episódio. Assim Maria Zinha se realizava no amor e no sexo.
O parceiro ficou apavorado, como geralmente quase acontecia a todos. Assumiu ares de assustado, respirou fundo, levantou da cama e gritou zangado, apontando o dedo para Maria Zinha:
- Qual foi a piada? Está rindo de quê?
Pela primeira vez tive um ato amoroso interrompido, encerrou Maria Zinha, com lamentos seguidos de uma gargalhada. Eles não me entendem, imaginou mais uma vez a bela mulher.

** José Fonseca Filho é jornalista
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