Poemas
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06/08/2024 00:00
Praia dos Peitos
José Fonseca Filho **
Toda praia que se preza é bonita. Na maioria dos casos são realmente lindas, encantadoras, merecedoras de nossa admiração. E contribuem para expandir a poesia e o romance nessa terra linda e maravilhosa em que nascemos. Quem vive perto da praia vive melhor e cercado de beleza e alegria. Só não existem praias nos desertos. O resto desse mundão é cheio de praias encantadoras, originadas de bondosos oceanos.
As praias são fantásticas pelo mundo afora. Tem Ipanema, Itapoã, Malibu, Bora Bora, Montecarlo, Ibiza, Honolulu, Aruba, Acapulco, Mykonos, Isola Bella e tantas outras onde o sol brilha e os seres humanos passam a brilhar muito mais. A praia que se preza tem que ter também nome simpático, como esses acima lembrados. Os nomes delas já representam um atrativo.
As mulheres, extraordinárias e algo exibicionistas são justificáveis de todas as maneiras, passeando na areia com seus biquínis encantadores e milimétricos, semelhante a um traço feito a tinta. Brilha o sol, brilham as mulheres. As praias são lindas e famosas pelo mundo, e acolhem as mulheres, os seres humanos em geral. As mulheres projetam a beleza e a simpatia, e não renegam a sensualidade.
Em viagem de trabalho fui parar em Cayenne, antiga possessão francesa, hoje ocupada pela indústria espacial e de componentes. Após o trabalho fiquei retido por três dias, devido a dificuldades do transporte aéreo. Mas foi agradável a insólita detenção. Ocupei o tempo nas praias. Nada a fazer senão esperar a vaga de retorno. Azar não, sorte. Lá fiquei, tranquilo, onde nada tinha a fazer, exceto caminhar pela areia de praias lindas. Lá ia eu na beira do mar e me sentia em algo como o paraíso.
No segundo dia percebi, após 30 minutos sob o sol, que havia muitas mulheres extraordinárias na frente, atrás de mim e ao meu redor, ocupando a areia das praias. População local ou de visitantes que iam tomar um solzinho na praia, turistas, funcionárias das instalações industriais. A maioria adepta e usuária do chamado top less, logo percebi.
Certo dia avistei um simpático restaurante no caminho da praia e fui tomar um refresco na varanda. Oh, que alegria todos conversando, provando guloseimas e tomando cerveja na varanda florida. Lá foi o maior grupo de mulheres top less que eu encontrei. Pedi licença e atravessei entre as mesas. Sem perturbar ninguém. Nem desviar os olhos do caminho a seguir.
Eu, tranquilo apreciador de panoramas, caminhava tranquilo com a camiseta pendurada no ombro. Dia seguinte percebi que a maioria das banhistas passeavam realmente à vontade. Biquini reduzido e adeptas, em boa parte, do top less. Um conjunto visual fantástico, apreciado em contorno com as ondas do mar. O sutiã, para elas, de um modo geral, era peça do passado, embora ainda existente e utilizável em certos lugares e circunstâncias. Havia basicamente mulheres nas praias. Os homens estavam no trabalho. Eu, educadamente olhei e percebi que à minha frente, naquele momento, havia três mulheres caminhando e trajando apenas a calcinha do biquíni. Continuei andando com a mesma calma. Não me abalei.
O soutien estaria, talvez, na sacola de praia, para simples emergência no roteiro. Respeito absoluto entre eu e elas. Entre todos os frequentadores, aliás. Pelo que avaliei no roteiro de minhas caminhadas boa parte das mulheres eram adeptas do top less. Observei sempre com calma e educação: sem alteração, sem escândalo, naturalidade no comportamento. E foram três dias de espera pelo avião. Sem sacrifício, é verdade Elas caminhando na areia, passando por mim e eu me sentindo um simples observador da natureza. É preciso manter a educação e o respeito, e admirar a
extraordinária natureza que nos envolve. Se a exposição for exagerada pode causar desequilíbrios. Cheguei a cumprimentá-las, educadamente, e algumas respondiam bon jour.
Ia partir surpreso porque a praia não tem nome. Como homenagem à graça de suas frequentadoras e aos hábitos locais poderia ate ser denominada como a Praia dos Peitos.
**José Fonseca Filho é jornalista
* Pintura woman in the waves - Gustave Coubert - Fineartamerica
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