Poemas
Poemas
24/02/2025 00:00

Adorei!
José Fonseca Filho **
Casei duas vezes com grande sucessso e surpreendendo a todos por ser eu uma pessoa tradicionalmente reservada. Mesmo assim não resisti às tentações do chamado matrimônio. Ninguem acreditava, mas casei.
Pronto. Entretanto, dos dois lados, o masculino e o feminino, ambos foram displicentes nos esforços e no comportamento para manter a união do casal.
E, como todo casamento que era originalmente destinado a dar certo, depois de alguns razoáveis anos de respeitoso convívio, novamente fomos viver separados, caindo cada um para o seu lado. O bom e correto do casamento, ou matrimônio, é assim, tradicionalmente. Após um período incerto, surge a certeza da separação.
Mas este meu primeiro casamento durou dez anos. Mais do que a previsão inicial. Realmente, passada a considerável e respeitável temporada conjugal, nada como outros rumos, com novas perpectivas abertas para cada um dos chamados cônjuges. Às vezes acompanhados de algum ou mais de um rebento, mas em alguns casos nem sempre chega a haver sequer tempo para a concretização da maternidade. Resultante das divisões nem sempre diárias do pretenso e promissor casal. O destino costuma colocar um personagem de cada lado, e depende da força e do destino de cada um para a concretização de uma união duradoura.
O fato é que no resumo histórico de uma vida amorosa várias consequências passam a ser lembradas. O meu primeiro matrimônio durou dez anos, de muito entrosamento, alegrias, realizações e dois filhotes. Mas, no entanto, não durou muito, pois tal período não pode ser considerado como prolongado.
Sobre casamento, a melhor definição é a de que durou o que poderia ter realmente acontecido. Sem lamento nem avaliações prospectivas. Ou, simplesmente, foi o que deu. E uma etapa realísticamente bem vivida.
Sempre otimista acabei casando pela segunda vez, agora permanecendo casado por 20 anos e alguns trocados a mais, um quase sucesso completo. Inclusive com dois herdeiros, um de cada sexo tradicional, ortodoxo, forte, promissor. Quem pensa em casamento tem que cogitar de exclusividade.
Casei duas vezes então e sinto que não vou escapar de uma terceira vez. Vira vício, cada vez com maior permanência no cargo. Passei a fase dos 10 anos, depois a dos 20 anoas, e agora sinto, ou desconfio, que esse terceiro matrimônio deverá se extender por um pazo de 30 anos. Sobreviverei? E a vítima , ou nova parceira, me suportará?
Sempre fui fujão do hábito casamenteiro, mas a passagem crescente da idade removeu os obstáculos, e passei a achar que a continuidade seria uma aventutra razoável. Sobrevivi a dois e começo a me deixar seduzir pela eventialidade de mais um. Caminhando para o terceiro matrimônio, na utilizaçao dessa linguagem antiquada.
No terceiro, ambas as partes envolvidas já se supõem preparadas o suficiente para mais uma experiência matrimonial. O que em princípio diminui a possibilidade de um rompimento precoce, e com isso à perpectiva de chegarmos, quem poderia imaginar, à possibilidade de uns quarenta anos de casados. Isso no total. Nesse caso, teremos chegado a um casameno de razoável duração. Mas por etapas. De algumas décadas, provavelmente, com o know how adquirido.
Não falei que eu adoro? É preciso sermos honestos em nossas avaliações. Portanto, posso ainda casar outra vez, embora isso provoque alarme nas mulheres.
** José Fonseca Filho é jornalista
* Pintura acrílica de Marina Marques
[ VOLTAR ]