Poemas
Poemas
17/03/2022 00:00
Aos mestres do cordel
De Guillermo Piernes **
Mestres do cordel desculpas
Do esforçado escriba sem culpas
Que entrou no poema nordestino
Por obra de um mágico destino.
Alguns acham isso sem tino
Só porque nasceu argentino.
Preconceito é diploma de bestas
Vou explicar para evitar arestas
Cordel não tem dono ou rédeas
Tem sim a beleza das orquídeas
Dos sonhos, do amor frustrado
Concorda mestre Cego Aderaldo
Traduz em poesia os prantos
Cantou Apolônio Alves Santos
Paixão dói e não tem revide
Disse João Martins Athayde
Cordel é amor, saudade, berros
Falou Leandro Gomes Barros
A lista de mestres é grande:
João Martins de Athayde,
Diniz, Calota, Azulão da Paraíba
Porfírio, Bule-Bule da Bahia
Entre alegrias e penas, equilibristas
Meu respeito aos caros repentistas.
Imaginação, amor, fé, sonhos
Não aceitam fronteira ou muros
Toda cultura é fruto, vou afirmar
Do sofrido aprendizado popular.
O mundo tem Bersolaris, Cantadores
Pardos, Vates, Trovadores, payadores
Parecidos ou iguais aos Repentistas
Todos fazem que a emoção se desvista.
Homens de verso fluído na difícil arte
De duelos, viagens, amores, dar parte.
Admiração por Castro Alves declaro
Que para este escriba deixou claro
Poeta deve ser sensível ao social,
Redigir com coragem, bem ou mal.
Brindada a explicação contundente
Contarei histórias do fugaz presente
Falarei de um futuro imaginado
Relatarei coisas do passado.
Para homem, mulher, donzela
Saber que, no fim, a vida é bela.
** Guillermo Piernes - Jornalista, diplomata, escritor
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