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06/01/2024 00:00
Escolhidos?
por Roberto Garcia **
Tiros, bombas, envenenamento. Tem um país que, a cada pouco, sai berrando, denunciando os terroristas crueis. E se tem um país que mais recorre ao assassínio de oponentes, dentro ou fora, perto ou longe, é Israel. Ele pode, os outros não podem. Simplesmente porque aquele pedaço de terra foi dado, com escritura assinada em cartório, pelo próprio Senhor dos Céus. Ele mesmo também designou os judeus como "escolhidos". Não se sabe o motivo, nem para quê.
O certo é que isso foi feito, registrado nos livros santos. Ainda distribuídos principalmente por evangélicos. Judeu não lê a Bíbôlia, salvo raras exceções. Em toda cerimônia, nos sábados, onde mais se vai para encontrar os amigos e para fofocar, até que enrolam e desenrolam um pergaminho, só para constar. A verdade, reconheçamos, eles tem coisa mais importante para fazer. Especialmente as oportunidades de negócio.
Muitos ficarão surpresos ao saber que lá em Israel tem mais ateu que crente. Calcule se alguém que vai à universidade, como estudante ou professor, que acredita naqueles detalhes. Por favor, não insista.
Não é diferente dos católicos, dos muçulmanos, até evangélicos, que vão e não vão à igreja. Para constar. Certamente ninguém que sabe das coisas vai esperar que o Netanyanu faça as suas preces logo cedo, ao acordar. Ele está mais para escolher onde suas tropas vão despejar bombas.
Lembro do nosso querido Barack Obama, homem ilustre, que ganhou o prêmio Nobel da paz. Ele tinha logo cedinho nas quintas feiras, quando era presidente, uma reunião com os assessores mais íntimos, para decidir onde bombardear. No cair da tarde, quando precisava fazer média, convidava o pessoal para um jantar comemorativo, o ceder, coisa pra gente santa.
A verdade é que a politicagem de alguns luminares da religião, absorve todo o tempo. Basta olhar os impressionantes pronunciamentos do Malafaia. Quando não está cuspindo fogo, está contando quanto rendeu o dízimo.
São os mais pobres, simples, inocentes, os que realmente creem. Embora nem sempre haja um nexo entre o que eles repetem, com o livro sagrado debaixo do braço, e o comportamento no dia a dia. Ninguém é de ferro, tem hora pra tudo.
Sabendo de tudo isso, surpreendentemente, a fé move montanhas. Leva à construção de catedrais, que encantam crentes e não crentes. Os construtores desses imensos templos podem até nada acreditar, mas fazem maravilhas.
No fundo, alem das coisas práticas, a mulher e o homem para para pensar que existe algo melhor. Que identificam com a espiritualidade, algo sublime. O entendimento desse elo, que produz amor, compreensão, compaixão, está presente. Ora no templo, ora na mente. Tem algo ali, que desafia descrição. Que leva alguns a dedicar sua vida a outra, ao outro. Da mesma forma que a mãe se dedica ao filho. Tem algo ali, é o melhor que há. Que precisa ser preservado.
** Roberto Garcia, jornalista internacional, foi correspondente da revista Veja em Washington
* Imagem Mandamentos
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