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No abismo do autoritarismo - Roberto Garcia

23/01/2024 00:00




No abismo do autoritarismo

de Roberto Garcia **

­Os sinais estão claros. Só não vê quem não quer. Uma parte considerável dos eleitores americanos, a maioria ou quase, já decidiu. Logo cedo, antes da hora, vão atravessar a linha vermelha, decidiram arriscar. Vão fechar com Donald Trump.

Uma revista do país, The Atlantic, entrevistou dezenove assessores do mais alto escalão que trabalharam com ele, no primeiro mandato. Tanto civis, quanto militares. Todos dizem, depois passarem tempos com ele, frente a frente, olho no olho, viram quais são os critérios dele, como toma as decisões, o que ele de fato pensa -- dizem agora que Trump é um perigo. Para a democracia e para o país.

Assim mesmo, os eleitores do Partido Republicano decidem agora mergulhar no abismo do autoritarismo. Que não está longe do totalitarismo. Ou, melhor dizendo, da ditadura.

Se você tem que fazer cirurgia delicada, vai consultar o médico e ele diz que a terra é plana, iria proceder nos preparativos, com ele? É a pergunta que muitos se fazem agora. Os que não gostam, tem uma alternativa, votam no outro candidato, no Biden. Não se sabe quantos vão fazer isso.
Se isso não for suficiente para Biden conseguir a maioria, Trump será presidente.

Muitas memórias estão voltando, 30 de janeiro de 1933, para o período fatídico na Alemanha, quando Paul von Hindenburg nomeou Adolf Hitler, então com 43 anos, o Chanceler. Não muito tempo antes o país chegara perto da posição máxima entre as nações. A nomeação foi o primeiro de uma série de eventos que levaria ao colapso da democracia.

Só demorou um mês para que ele assumisse poderes ditatoriais. Um ano depois ele juntou dois cargos: presidente e chanceler, criando um novo título, Fuhrer, o líder. Daí em diante foi acumulando mais poderes, suprimindo a oposição. Deu no que deu. Mas não foi sem aviso. Ele era figura conhecida mas os homens "responsáveis" acharam que iam poder controlá-lo. A teoria era que as instituições controlam os instintos. Ele foi desmontando as instituições.

Trump já fez isso. Em surtos de fúria, vendo que as coisas estavam difíceis, a oposição muito forte, ele simplesmente as ia suprimindo. Cortou as funções da repartição encarregada do meio ambiente, a Environmental Protection Agency. Da mesma forma que saiu da Organização Mundial da Saúde e suspendeu os pagamentos das cotas americanas para ela. Ele desmonta as instituições que possam controlá-lo. Fica livre. Passa a mandar, sem oposição.

Os assessores que ele próprio nomeara para serem seus interlocutores diretos, os faz-tudo, ficaram abismados com o que ele dizia, tentaram controlar seus ímpetos. E foram um a um, trocados. Nenhum presidente americano trocou tantos auxiliares diretos. Ele agora diz claramente como pretende dobrar a burocracia, as instituições do estado. Irá cortando os chefes delas, e os orçamentos. Elas irão definhar.

Sabem agora os americanos o que vem por aí. Aparentemente, vão escolhe-lo. Não dá pra sair de perto. Ele é grande demais, terá muito poder, vai querer impor. Não vai dar certo.

** Roberto Garcia - Jornalista, foi correspondente da revista Veja em Washington. 
* Foto de manifestación - El Comercio 


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