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Nudez premiada (Crônica) - José Fonseca Filho

16/05/2024 00:00




­Nudez premiada
José Fonseca Filho **
A beleza do mundo, ou melhor, das pessoas que viriam a habitar o mundo, surgiu nos primórdios da humanidade, a partir de um bonito jardim onde vivia um casal solitário, com nomes raros. Nesse particular, eles praticamente não foram seguidos. Adão e Eva só houve um de cada, até hoje. A principal característica deles é que viviam nus, sem nenhuma roupa. Presumivelmente não havia inverno naqueles tempos, pois se assim não
fosse o casal teria sucumbido ao frio.

O que esses filhos de Deus, com seus exemplos ensinaram à humanidade foi algo muito simples. Pouco criativo, no entanto. Era simplesmente demonstrar que viver sem roupas era uma experiência gostosa para o homem e para a mulher. Não havia pecado nenhum. E na época, não havia mais ninguém na chácara Paraíso para admirar o casal pelado.

Com o passar dos tempos e a evolução da História, homens e mulheres começaram a se vestir com roupas e calçados que não permitiam que as obras primas da natureza humana fossem apreciadas por alguém. A nudez do condomínio Paraíso foi substituída pela população amplamente vestida, homens e mulheres, por roupões que iam do pescoço aos pés. Ainda que o calor fosse inclemente, naquele período.

Os séculos se passaram, modas e estilos surgiram, homens e mulheres adotaram gradativas mudanças nas vestimentas. Nessa época as mulheres já começavam a dominar inteiramente os homens, utilizando para isso, simplesmente, seus corpos. Aos quais os homens não resistiam. Obviamente, pois não havia nada de melhor no mundo, sejamos honestos, do que as mulheres. E não havia homem que a elas resistisse.Mas, como a mulher não é uma disponibilidade notória e, ao contrário, nem sempre conquistável, as relações entre homens e mulheres passaram a ser dificultadas, ao longo do tempo. Na época, o que juntava os homens e as mulheres eram os chamados casamentos. Uma atitude entediante com muita oração, igreja e alianças nos dedos. Além do padre representante da Igreja, que oficializaria o ato. Pronto, estavam casados.  matrimoniados. Naquela época, para apreciar e desfrutar do corpinho da madame tinha que cumprir esses rituais.

Com o passar do tempo surgiram mudanças radicais e atividades mais atraentes e estimulantes para homens e mulheres. As mulheres no comando e os homens no financiamento da atração. Surgiram, gradativamente, em casas de diversão noturnas, espetáculos de beleza e sedução em que mulheres lindas, na ausência de outras atrações e meios de sobrevivência, inventaram uma dança lenta e sedutora, extremamente atraente. Assim ganhavam sua sobrevivência e se divertiam com os fãs, além de obterem apoio.

Os homens, enquanto isso, e como sempre, inteiramente subjugados pelo poder da sedução feminina. A nova atração constava de uma dança lenta, em que as mulheres se contorciam, balançavam o corpo e iam tirando as roupas, simultaneamente. Em ritmo lento, peça por peça. Ooohhh! ouvia-se da platéia. Havia poucas peças para tirar, na verdade. Quanto mais devagar, melhor.

Tal espetáculo até hoje é chamado de striptease, um ato simples para as mulheres. Basta-lhes tirar a roupa, lentamente, enquanto executam uma dança sensual, com fundo musical. O strip pode ser completo, quando a atriz retira toda a roupa, ou incompleto, quando deixa uma peça principal. Que pode ser um anel. Senhores de idade avançada nem sempre são aceitos nos night clubs porque podem sofrer ataques cardíacos.
Esse espetáculo tem nuances diferentes em vários países. As danças e exibições mais prolongadas são nos países árabes, onde as roupas a serem tiradas pelas mulheres são bem mais volumosas, e assim demora mais para despir. Um verdadeiro striptease num país árabe demora em média 3 horas, devido às inúmeras peças a serem retiradas. Devagarzinho, para deleite e excitação dos assistentes. Só para tirar uma burca completa dura
cerca de 40 minutos.

Ainda nos países árabes, as strippers entram no palco com três vastas túnicas sobre o corpo, da cabeça aos pés, cobertas por tecidos grossos. À vista do público presente e ansioso, do corpo da dançarina apenas os dois olhos ficam visíveis. As túnicas vão até os pés, por sua vez cobertos por uma peça de lã que sobe até o joelho. As mãos são protegidas por luvas grossas. Um cinturão largo, de couro, prende uma das túnicas ao corpo.
O soutien e a calcinha são confeccionados com pele de camelo cobertos com seda pura e adornado com fios de ouro, peças finíssimas que envolvem toda aquela área estratégica feminina. Em se tratando de países muito ricos, como os árabes, tinha que ser assim mesmo. Para tirar a peça, lentamente, a dançarina puxa lentamente o soutien para a frente, e desce cuidadosamente com a calcinha para baixo. Quando aparecem as duas jóias da natureza a platéia costuma aplaudir de pé, longamente.

Durante o longo striptease os bares dos estabelecimentos costumam faturar o triplo em bebidas. Os espectadores ficam entusiasmados. Encobrindo totalmente os corpos das mulheres árabes está ainda a famosa burca que costuma deixar os homens alucinados. Ao fim do striptease nos países árabes entram em cena várias servidoras para recolher as tantas roupas pelo chão.

Em países do ocidente, por vezes as mulheres do striptease já entram no palco só de calcinha, meia longa, acima dos joelhos e soutien. Mesmo assim demoram 45 minutos para tirá-las, devido aos trejeitos corporais lentamente executados. A meia de seda, através de uma pequeno fio chamado liga, fica presa à majestosa calcinha. Nesses casos, só para tirar as longas meias, alisando as pernas, a stripper demora 30 minutos.
Enquanto isso, os espectadores ficam esfregando as mãos. Alguns deixam escapar gritos de bravo! Outrosquase desmaiam.

Nos países nórdicos, de frio intenso, as atrizes se vestem com roupas de pele de urso, uma grande malha que cobre o corpo inteiramente. O soutien e calcinhas são confeccionadas em malha com pelo de lontra, resistente ao frio e bem aparado. As dançarinas dizem tratar-se de material de extrema suavidade no contato com o corpo. O público concorda, pelo simples olhar do material.

Os shows de striptease utilizam soluções singulares também nos países africanos, devido à cor da pele das dançarinas. As roupas íntimas, calcinha e soutien são confeccionadas com tecidos de cores variadas - amarelo, azul, etc - para se destacar da escura cor da pele. Durante a dança, na exibição dos corpos seminus e devido à pele escura das atrizes é utilizada a iluminação fluorescente, que destaca brilhantemente os detalhes dos corpos.

Algumas strippers pintam detalhes artísticos de cores variadas nos tecidos do soutien e da calcinha, de modo a dar-lhes maior brilhantismo. Outro conceito das strippers africanas é pintar todo o corpo com figuras em cores diferentes, despertando o interesse visual dos homens. Depois a pintura é retirada com lenços de seda umidificados e perfumados. Alguns espectadores excitados costumam dar gritos de guerra.

No Japão, China e outros países asiáticos, como a Tailândia, os stripteases são apresentados em roupas de fina seda. Basta à dançarina abrir a frente do quimono e descê-lo até abaixo da cintura. Suficiente para o público assistente se levantar aos gritos. As strippers orientais se apresentam apenas com uma pequena cobertura de seda solta no sexo e deixam os seios, geralmente pequenos, à mostra.

Essa é uma parte da história do erotismo das mulheres e da nudez feminina, iniciada na chácara do paraíso, e que viria a seduzir e subjugar os homens. O striptease tornou-se uma das grandes criações da humanidade.
** José Fonseca Filho é jornalista
*Imagem: Stripper - Clicart Panda


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