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Paixâo...mais paixão - (Crônica) - Guillermo Piernes

25/07/2024 00:00




Paixão ... mais paixão­ 

Guillermo Piernes **

"...Agora, que faço eu da vida sem você? / Você não me ensinou a te esquecer / Você só me ensinou a te querer / E te querendo eu / vou tentando te encontrar... ". Se eu tivesse escrito essa letra que completou uma bela canção, não estaria me referindo a alguma das mulheres maravilhosas que passaram pela minha vida. Me refiro a própria Paixão.
Como? Sim amo a paixão. Nasci para viver intensamente apaixonado. Por seres humanos, animais, arte, plantas. Sem paixão, minha vida não tem qualquer sentido.
Para minha normalidade preciso estar apaixonado. Sim posso ser acusado de drogado pela dopamina e a oxotocina que provocam euforia e bem-estar durante uma fase do enamoramento com a ativação dos neurotransmissores. 
Uma querida amiga médica uma vez se ofereceu para fazer a autopsia do meu cérebro para confirmar que o meu sistema límbico é hipertrofiado, ou seja muito maior que uma noz, como os de boa parte dos seres humanos dito normais. Espero que esse momento demore. Nem que seja consolado pelo pensamento de Leonardo da Vinci: "vida bem vivida produz uma morte doce".

Quero seguir por muito tempo, apaixonado. Como estou hoje, como estive a maior parte da minha existência. Quando a paixão falta, sinto-e infeliz e volto a correr detrás dela. 
Quando criança me apaixonei pelos livros da biblioteca do meu pai e pela musica do alto-falante da grande radio de madeira, que ficava na sala. Ao sair da adolecencia me apaixonei pela minha linda vizinha.

Viví apaixonado pela minha profissão de jornalista. Me consumiu a paixão de viajar por todos os continentes do Planeta, contando o que passava frente aos meus olhos.
Paixão ao formar um primeiro e próprio lar. Louco de paixão pelos meus filhos. A paixão me dominou quando atuei por uma década na área diplomática, lutando pela paz num mundo que lucra com a guerra, pela Natureza impiedosamente devastada.

Quando fiquei enjoado da descarada manipulação política e religiosa e a prostituição da comunicação, me apaixonei por ser escritor de golfe. Nesse esporte o maior adversário os maiores adversãrios somos nós, nossas inseguranças, nossos tempores que precisam ser derrotados, no meio de belas paisagens. Assim a paixão foi o motor para escrever os meus cinco livros.  

Paixão pelos bons amigos e mestres com que fui presentado ao longo dos anos. Vários desses amigos partiram ou estão partindo. O último abraço dói, e como dói!. Mas que bom que senti essa  paixão pelas amizades verdadeiras, pelos amores intensos. Pelos seres que me fizeram voar e sonhar, por anos, dias ou por um momento, num bar, na cama, na praia numa manhã de domingo. Não é a duração, o quando, onde. Paixão é intensidade.  

Quero sentir-me louco de paixão pelas cores do céu no pôr de sol, por uma mulher caminhando junto a mim perto do mar. Paixão por estar só. Por ter uma boa companheira,  Por todo que a generosa vida me brindou. O tempo toma tudo de volta. Assim, a saudade me visita com frequência.  Mas ela é a prova que víví e não apenas existí distraído com o sentido da vida.    
Viver apaixonado têm, como tudo, seu preço. Como diz a letra de um bolero: "...es preciso decir uma mentira / les diré que llegué / de un mundo raro /  no conozco el dolor / que triunfé en el amor / y que nunca he llorado..."

** Guillermo Piernes - Jornalista, diplomata, escritor apaixonado
Pintura Summer Passion - Yass - Artmajeur


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