Também sou prima dos pássaros quando em levante me elevam.

Também sou neta dos rios que serpenteiam a aldeia

Na qual finquei os alicerces invisíveis da minha casa de barro, aos moldes de um nativo hogan norte-americano...

E tenho das cachoeiras a ancestralidade futura no arremessarem-se, impávidas, jorrando alegrias úmidas pretéritas para enfeitar esse futuro.

Também não creio na utilidade da vida e no propósito único de ser obrigada a prosperar. 

E que prosperidade será essa que quer tudo apagar para surgir?

Todavia, sou eu quem espelha a praticidade que aprendi com os outros que não eram como eu sou.

Mesmo por que não há dois pares de vasos nesta vida, dois nunca serão um.

E o ideal da igualdade fica devendo e muito a este futuro do qual eu trato.

Também sou filha do mato, e não temo os animais selvagens, mas aqueles selváticos seres que nos querem ocultar por não conseguirem ser como nós, em luz e paz.

No mais, sou vanguardista e não creio em cidadania que não se estenda para além das cidades...

Se tenho um propósito é o de continuar escrevendo. Se me desencantam, eu escrevo; se me ameaçam, eu escrevo. Assim, continuarei escrevendo.

Contudo você, irmão das vizinhas terras minhas, terras da minha aldeia, tem lutado verdadeiramente demais contra o opróbrio das instituições que não valem a pena. As arcaicas teorias parcas de pensamentos e de ideias.

Quando descansa o sol atrás da mata e doura àquela hora as folhas mortas,

Prepara-se, em seu ritual de grandeza e de amparo, para voltar na manhã seguinte

Com mais brilho e luz e ouro no arrebol encantado e colorido de nossos sonhos e de nossas expectativas.

Sou mais você em sua incansável luta, em sua voz bem-vinda da floresta.

E o que me resta é exaltá-lo nestes versos claros e fazer você saber

Que nada resta oculto e que não está sozinho, homem culto para além da cultura; homem bom, para além da bondade; homem sábio para além da sabedoria...

Mais que rios, mais que florestas e cascatas, mais que os ritos todos conjugados,

A tua presença tem atirado-nos ao mais alto patamar:

Ao do pensamento realmente livre e vasto e pleno da sofisticada simplicidade.

Aquele pensamento que afinal conseguirá erguer a humanidade.