1) Não sou pessimista estrutural, mas?

Tem uma coisa que nem a direita mais extrema, nem a esquerda economicamente ingênua, nem o Centrão desvairado, nem qualquer outro partido, movimento, frente ou coalizão, vai conseguir fazer: tirar o Brasil do baixo crescimento, de uma semi estagnação. Nossas amarras e bolas de ferro são muito poderosas. As oligarquias são geneticamente protecionistas e nunca estiveram interessadas em educação de massa de qualidade. Sorry!

2) As oligarquias brasileiras, abertas e dinâmicas, sempre tiveram currais eleitorais. Os vários canais atuais de assistência pública constituem um imenso curral eleitoral, de cunho humanitário e, portanto, mais resiliente e permanente. Não esperem crescimento adequado do PIB pc no futuro previsível: vamos continuar a nos arrastar penosamente.

3) Além do curral eleitoral da assistência pública, a principal maldição no caminho do crescimento brasileiro é a anarquia orçamentária pelo desmantelamento do planejamento e a ascensão das emendas dispersas, que agravam a apropriação individual e o patrimonialismo tradicional.

4) Populismo, de direita ou de esquerda, produz uma sensação momentânea de bem-estar, mas agrava distorções estruturais que vão produzir crises no futuro de médio prazo. Assistencialismo e subsídios aos ricos vão continuar. Polarização política também. Brasil estagnado estavelmente.

A sociedade se revela impotente em face da canalização de recursos desviados legalmente para as oligarquias econômicas e para as oligarquias políticas. Uma sociedade paralisada pela sua incapacidade em interromper o patrimonialismo.