Guillermo Piernes
GUILLERMO PIERNES

Home
Home

Autor
Autor

Livro Fatos e Delírios
Hechos y delirios

Contos
Cuentos

Artigos
Artículos

Poesias - Crônicas
Poesias - Crónicas

Índice
Índice

Correio dos Leitores
Correo de los Lectores

Guillermo Piernes
GUILLERMO PIERNES
Poemas
Poemas
O primeiro campo paraibano - (Crônica) - Guillermo Piernes

08/02/2025 00:00




­
O primeiro campo paraibano 

Guillermo Piernes **

Como folhas ao vento, nossas vidas participam de processos e fatos que somente com os anos podemos avaliar na sua importancia. Aqui uma dessas no mundo do golfe. 

Cenário: Resort Costa do Sauípe, no litoral da Bahia, 4 de outubro 2007.

Acontece o primeiro Brasil Golf Show, com apoio da Confederaçao Brasileira de Golfe, Golf Travel, e outros.

Na noite de 4 de outubro se realiza um animado coquetel, com a participação das principais personalidades do golfe brasileiro, dirigentes, jogadores reconhecidos internacionalmente, empresários, arquitetos de campos, agrônomos especializados, jornalistas de golfe, alguns artistas praticantes.

Eu, além de ser mais um fanático jogador de golfe, escrevia uma coluna semanal de golfe para então o principal jornal econômico do Brasil e o quarto mais importante do mundo, a Gazeta Mercantil. Minha coluna era lida pelos grandes empresários, executivos internacionais que trabalhavam no Brasil, além dos grandes patrocinadores do esporte, num tempo que a internet tinha muita menos força.

Confesso que eu ganhava uma nota preta para escrever 60 linhas semanais, além de viajar pelo mundo com todas as despesas para o jornal. Minha coluna era um chamariz para os que procuravam se aproximar do esporte. Nunca vendi uma notícia nem um anúncio. Meu negócio era me entregar ao golfe com meus tacos e minha habilidade para encadear palavras que amarrem o leitor. 

Eu era uma joia rara para esse jornal, o único que podia escrever com propriedade sobre esse estado especial mental e espiritual em que vivem os golfistas, dentro e fora dos campos. Somente um golfista pode transmitir toda a emoção para outro golfista, o resto é passador de informação. 

Para mim era um refresco escrever sobre golfe, depois de anos agencias mundias de noticias, de ser portavoz do Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos, em Washington, e de ser representante da OEA no Brasil. O que feito com prazer dá resultados. Os anúncios das empresas lideradas por golfistas choviam para o jornal. E eu tinha o melhor trabalho do mundo: viajar, conhecer pessoas interessantes, jogar golfe sem importar o resultado, viver intensamente.

Também eu era, pelo meu trabalho muito apreciado pelos clubes. Era sinônimo de possibilidade de atrair patrocinadores para torneios e agradar os que já apoiavam. Eu conheci todos os campos do Brasil e muitos da Europa, América, África e Ásia e nessa noite facilitei inconscientemente o momento para que fosse criado o primeiro campo paraibano de golfe, na serrana Bananeiras.

Um senhor de cabelos brancos me pegou pelo braço e me perguntou se eu era eu. Após confirmar, foi direto ao assunto: "eu sou o proprietário de um condomínio Haras da Serra, em Bananeiras, na Paraíba, e quero construir um campo de golfe porem não tenho ideia disso. Pode me ajudar"
Rapidamente me perguntei sobre a sanidade mental desse homem de fala e olhos mansos que estava na minha frente. "Um campo de golfe na Paraíba!", refleti. Com a melhor cara de jogador de póquer respondi que ia procurar alguém bom para lhe ajudar. E nesse momento, o destino funcionou a favor dos futuros golfistas da Paraíba.

Eu conhecia Sebastião Neres desde quando era o jovem braço direito de Ricardo Rossi, essa lenda do golfe argentino-brasileiro.Foi no Terras de São José, belo condomínio em Itú, São Paulo. Era um rapaz que sabia tudo de terraplanagem, grama, golfe, gente. Sempre gostei muito dele pela sua lealdade ao chefe, sua disciplina, dedicação, desejo de aprender. 

Logo sai do contato com esse homem de cabelo branco, após brindar com vários amigos, topei com Sebastião. Mais ou menos lhe disse: "Vou te apresentar um senhor meio doido que quer construir um campo de golfe na Paraíba". Apresentei os dois e fui me servir mais um champanhe...

Assim pela falta de visão de quem escreve, a força do destino e a determinação dos dois homens que eu tinha apresentado, nasceu o campo de Bananeiras. 

Juro que tudo o relatado é a verdade. Dou fé.

Anos depois, fui convidado a jogar no campo nesse campo feito realidade. O convite foi do então presidente do clube de golfe de Bananeiras, Antônio Aracoeli, reconhecido medico cirurgião, bom golfista e muito querido amigo. O histórico empreendedor do condomínio, Alírio Andrade, o designer do campo, Sebastião Neres, e o autor desta crônica tiramos fotos e rimos muito lembrando daquele momento no Brasil Golf Show. 

O campo tem um desenho magnífico. O golfe ajudou a elevar a cidade a outro patamar, na parte turística e de investimentos imobiliários. Aracoeli, em 2025 é presidente do segundo e espetacular campo paraibano, Fazenda Santo Antônio (antigo Reserva Alhandra), próximo a João Pessoa. Ele escreveu que a minha história "entraria na história do golfe da Paraíba". Eu acho generoso o comentário do entranhável amigo. O que sim acredito que as amizades e os belos momentos que o golfe paraibano me brindou, en quanto ele bater, nunca sairão do meu coração. 

E falando de coração, um último dado: Bananeiras é a localidade onde nasceu minha querida sogra Percilia, mãe de Vera, minha companheira nos últimos e bons buracos do jogo da vida deste cigano internacional, a quem conheci seis anos após daquele encontro no Brasil Golf Show. Somos ou não folhas ao vento do destino?


** Guillermo Piernes - Jornalista, diplomata, escritor e golfista
* Foto no campo de Bananeiras, PB. Sebastião Neres, Alírio Andrade e Guillermo Piernes   



[ VOLTAR ]
Textos protegidos por Copyright - Guillermo Piernes 2025