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Destino Manifesto - Guillermo Piernes

01/03/2025 00:00




Destino Manifesto

Guillermo Piernes **

Opressão, misticismo, usurpação, em nova embalagem.

A nova embalagem fará necessário revisão dos dicionários clássicos porque a palavra "liberdade" e utilizada em sentido diametralmente oposto da sua acepção. A palavra "Deus" passou a justificar discursos que incitam matanças e ameaças, a adopção de medidas que levam a fome e ao desespero a milhões. "Democracia" pode ter a nova definição: disfarce ou manobra para legalizar regimes autoritários.

Quando a opinião de milhões pode ser moldada pelo constante bombardeio de notícias falsas - pelas redes guiadas pela inteligência artificial e em poder de um grupo de mentalidade feudal e altamente tecnológico - pode se dar crédito a capacidade de escolha de eleitores que votam em seus algozes ou títeres de centro do poder mundial?

O mascara caiu para mostrar o novo rosto do Destino Manifesto. Se temos tanto dinheiro e poder é porque Deus assim o quis. Ponto. Não interessa a resposta. O dinheiro e poder é tanto que já não importa.

O conceito de Destino Manifesto foi definido uns 180 anos atrás por um jornalista, John Louis O`Sullivan, porém suas origens se remontam a várioss séculos, encarnado por senhores feudais, nos quatro continentes do mundo. O`Sullivan listou as razões dos europeus para invadir terras ao oeste a partir das originais treze colónias inglesas na América do Norte. A principal razão, eles foram escolhidos. Sem discussão.Os primeiros colonos dessas colónias do império britânico acreditavam piamente que eram predestinados e superiores perante os seres de outras raças, línguas, credos.

Ao anseio individual por melhor vida, o coletivo precisou levantar as bandeiras da civilização e o progresso para maquiar a barbárie destruidora de seres humanos, fauna e flora, que estavam no caminho da ambição egoísta, sem limites.

Lá se foram culturas inteiras. Que as terras eram de povos que as ocupavam durante séculos? O Destino Manifesto dos que navegaram no Mayflower - o navio que carregou os fanáticos religiosos expulsos da Inglaterra para essa parte do mundo chamada América - e os continuadores da tese, não ligaram para esses detalhes. Os povos descartados não entravam na narrativa do Destino Manifesto. 

Mas essa é história antiga. O espírito do Destino Manifesto ou mais precisamente do Desatino Manifesto, está atualizado. Acabou a expansão para novos territórios. Mais facil explorar, em terras de outros, minerais, petróleo, água, passando por cima do direito internacional, a geografia, a história, do interesse da outra parte e do sentido comum. A vantagem é que assim não é necessário lidar com os problemas dos pobres de essas terras, porque fica um assunto para ser resolvido pelos títeres regionais.

Ao longo da história todo genocídio ou exploração teve cumplices surgidos entre os povos vitimados, os condenados da Terra. Nada mudou. Os mandatários títeres da atualidade fazem e farão todo para agradar os amos: Se preciso, levam seus países a guerra, gastam mais em armas que em comida ou medicamentos, entregam todos os recursos naturais.

Solidariedade, fraternidade são palavras fora do dicionário dos senhores tecnofeudais e seus serviçais que buscam distorcer a História e apagar ou neutralizar testemunhas, pensadores. Que esse Desatino Manifesto pode levar a infinitos conflitos e até a uma guerra nuclear? E daí?

Mas a Terceira Lei de Newton segue vigente no Planeta Terra, a pesar do Desatino Manifesto: "Para toda força de ação surge uma força de reação com a mesma intensidade e com sentido oposto".

** Guillermo Piernes: Jornalista, diplomata, escritor
* Pintura do Destino Manifesto de John Gast



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