A obra de José Fonseca Filho é para ler saboreando uma caipirinha, numa rede é se possível perto de uma praia da Bahia, onde nasceu o jornalista que brilhou em Rio de Janeiro e Brasília e em muitas coberturas internacionais para importantes meios de imprensa. Também é leitura para aliviar a tensão do dia a dia urbano, para acalmar as almas sensíveis perante a atual repetição de barbaridades históricas.   

Ao contrário dos que todo fazem pelo poder ou o dinheiro, Fonseca nunca foi deslumbrado por eles, apenas pela magia de conseguir retratar fatos e sensações, com as palavras certas, com uma visão honesta. Assim acontece no seu livro de 136 páginas, da editora Viseu, que comprei pela Amazon.

São narrativas e críticas bem humoradas que, como os repiques de um bongô, transmitem ao leitor o entusiasmo de viver a vida. São liberadas de compromissos políticos, despreocupadas com avaliações, salvo os da própia consciência.

Assim, o leitor desfila pelas praias, reflite sobre as celebrações de fim de ano e a necessidade de maior justiça no mundo, fica mais atento as roupas femininas, medita sobre casamentos, enxerga o cenário de muita religião e pouca educação, desfruta do amor e sexo.

O autor é agudo e instigante sobre Brasil e Argentina "são diferentes mas iguais"; é despudorado quando mergulha no decote da professora; é surpreendente com a variedade de temas e enfoques, todos abordados com a humildade de quem sabe que alguma coisa aprendeu e que muito desconhece.

Essa humildade faz que os poemas que também entram na publicação sejam considerados pelo próprio autor, como obra de um "pré-poeta". Arranca  sorrisos com suas rimas sobre assuntos que vão desde o valor do patrimônio, os beijos, a beleza e com o carinhoso exagero sobre a trajetória de um antigo colega e amigo "portenho/baiano".

Fonseca emociona com seu curto texto sobre Orlando Brito, um dos maiores fotógrafos brasileiros de história. Lágrimas e risos, o fantástico coquetel da vida bem vivida que Fiscal de praia nos anima a beber sem receio.